Augusto Cury
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Sábio é o ser humano...
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Sonhos Azuis

Asas azuis, inquietas.
Sonhos bem frágeis de amor.
Almas puras e repletas
Do néctar fino da flor...
Deus, ó Deus, mas quem seria?
Quem haveria de estar
No sol morno deste dia
Por perfumes a vagar
Na primavera vadia?
Genildo Mota Nunes
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Amanhece

Amanhece
Água com gosto de pasta dentifrícia
O cheiro de café na cozinha
Uma cachorra sem nome a latir
Barulho de chaves a destrancar a porta
Carros chiando metais na avenida
Amanhece
Sol a correr no céu cinzento
Tecendo novas histórias de horror
Debaixo dos jacarandás
Debaixo dos trinados
Debaixo dos arco-íris
Amanhece
A cidade desperta aos poucos
A fumaça sobre o centro levita
Os cadernos no braço da estudante
Os sonhos de muitos cantam
Os sonhos de poucos esperam
Amanhece
O sorriso maroto do criador
Libertador de canções desesperadas
Nas missas das sete horas
Sermões sobre política e educação
As cores do nosso coração
Amanhece
Nuvens a ensaiar peças teatrais
Idéias a morrer nas mesas dos bares
Violões calados sem voz
Veias sujas que não querem cura
A violência da madrugada debaixo dos jornais
Amanhece
Bolha mágica cintilante
Cedo tudo se parece
Nebulosas gasosas
Espirais incandescentes
Pios de pássaros e sinos de igrejas
Amanhece
Sapatos sonolentos tropicam na calçada
O caos que domina a vida dos paulistas
Amor a regar flores nos vasos
Feirantes chamando as freguesas
O ritual de todas as manhãs
Carlos Assis
sábado, 25 de outubro de 2008
Em trilha de paca, tatu caminha dentro - Arnaldo Jabor

Esse texto da “Bunda dura” está famoso. Toda hora alguém me elogia. Há trechos assim:
E, só pra piorar: tem a bunda dura!!! Mulheres assim são um porre. Pior: são brochantes!”
Aí, a admiradora de bunda caída repete, feliz: “Adorei!”.
Aqui vão: “Tudo sobre minha mãe”, como no filme do Almodóvar, ou “Confissões de um menino no porão ou o dia em que dei num troca-troca”, ou até um texto de cunho mais folclórico e regional: “Em trilha de paca, tatu caminha dentro?”
Não temam, rapazes, não se escondam — expressem-se!
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Paixão de vida

Antes de qualquer outro pensamento,Prende em mim a flor da vida...Divina miraculosa divaQual a cor do sonho no firmamentoLampejo, suspiro, gracejo...Amor cravado no peitoRespiro cintilante, estou viva!Realidade, ficção, entretenimento...Caminha em seus passos, altiva,A força de um pensamento...Cara a cara com a flor da vida!
Que seria viver sem nenhum sofrimento?Pois nada teria valor...Nem a alegria na dor, o sustento!
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Crônica de Thiago Cunha

Especular sobre os devaneios das outras pessoas sempre vai te fazer pequeno.
Pensar, simples e involuntariamente, já esmaga muito do que você acredita, criando outras certezas que serão esmagadas um pouco depois.
É difícil acreditar em algo que exponha o que você realmente é.
É difícil, impossível ser uma coisa só. Talvez por isso algumas pessoas falem pouco, valorizando o poder do silêncio.
Talvez por isso algumas pessoas falem e riam tanto, mostrando a coragem que querem mostrar que tem, de ser... seja lá o que for.
Mentimos para nós mesmos, muitas vezes, só para nos convencermos de que somos tal coisa, de que nunca mudamos ou de que agora somos totalmente diferentes.
A verdade é que a nossa existência depende essencialmente da existência dos outros.
Nós somos tudo o que vimos, tudo do que gostamos, tudo o que fizemos e que normalmente não faríamos.
Nós somos aquele calafrio que se sente por alguém com quem você nunca conversou e que nem faz seu tipo, aquela alegria que vem sem explicação, durante o dia mais sem graça, o envolvimento com as personagens de um livro.
Ser é como amar, como ter esperança, essas coisas que não dão pra tocar e das quais a gente vive apanhando.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Autopsicografia

O poeta é um fingidor.Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dorA dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,Na dor lida sentem bem,Não as duas que ele teve,Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de rodaGira, a entreter a razão,Esse comboio de cordaQue se chama coração.
Nesta vida, em que sou meu sono,Não sou meu dono,Quem sou é quem me ignoro e viveAtravés desta névoa que sou euTodas as vidas que eu outrora tive,Numa só vida.Mar sou; baixo marulho ao alto rujo,Mas minha cor vem do meu alto céu,E só me encontro quando de mim fujo.
Quem quando eu era infante me guiavaSenão a vera alma que em mim estava?Atada pelos braços corporais,Não podia ser mais.Mas, certo, um gesto, olhar ou esquecimentoTambém, aos olhos de quem bem olhasseA Presença Real sob disfarceDa minha alma presente sem intento.
Pousa um momento,Um só momento em mim,Não só o olhar, também o pensamento.Que a vida tenha fimNesse momento!
No olhar a alma tambémOlhando-me, e eu a verTudo quanto de ti teu olhar tem.A ver até esquecerQue tu és tu também.Só tua alma sem tuSó o teu pensamentoE eu onde, alma sem eu. Tudo o que souFicou com o momentoE o momento parou.Fernando Pessoa
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Luz entre sombras

É noite medonha e escura,Muda como o passamento*Uma só no firmamentoTrêmula estrela fulgura.Fala aos ecos da espessuraA chorosa harpa do vento,E num canto sonolentoEntre as árvores murmura.No entanto... minha alma olvidaNoite que assombra a memória,Noite que os medos convida,Erma, triste, merencória.Dor que se transforma em glória,Morte que se rompe em vida.Machado de Assis, in 'Falenas'
sábado, 18 de outubro de 2008
A lição da rainha
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Lula, numa visita à Europa, vai jantar com a rainha da Inglaterra. De repente, ele pergunta: "Vossa Majestade, a senhora me impressiona. Como pode estar sempre cercada de pessoas inteligentes? Como a senhora faz?" "Muito simples. Eu os deixo sempre em alerta. Faço um teste de QI regularmente, só pra ver se a inteligência deles ainda está bem viva." Lula fica surpreso e interessado: "E como a senhora faz isso?" A rainha concorda em lhe mostrar um exemplo. Pega o telefone e liga para Tony Blair: "Bom dia, Tony. Tenho um pequeno teste para você." Tony responde todo respeitoso: "Bom dia, Majestade. Pois não, estou pronto para o teste, pode perguntar."
"Muito bem Tony. O teste é o seguinte: - É filho do seu pai e da sua mãe, mas não é seu irmão, nem sua irmã. Quem é?" Tony Blair mata a charada: "Muito simples, Majestade: sou eu mesmo." A rainha aplaude: "Bravo, Tony! Como sempre, inteligente. Até a próxima."
Lula fica impressionadíssimo: "Wow!" De volta ao Brasil, ele decide botar em prática a técnica da rainha. Telefona para a companheira Dilma e pergunta: "Dilma, é o Lula, companheira. Tenho aqui um pequeno teste de inteligência para você."Dilma se prontifica. "Seguinte, Dilma: - É filho da sua mãe e do seu pai, mas não é seu irmão nem sua irmã. Quem é?" Dilma titubeia e responde: "Ah, Lula, eu não esperava um teste assim, de supetão. Tenho que pensar alguns minutos. Te telefono depois, certo?" "Sem problemas, até logo."
Imediatamente Dilma liga pro Eduardo Suplicy, pois ele tem fama de inteligente. Faz a mesma pergunta que lhe foi feita, a que Eduardo responde: "Ora, bolas! Sou eu mesmo, Dilma!" E Dilma liga novamente para o Lula: "Senhor presidente, poderia formular sua pergunta novamente, por favor? Creio que tenho a resposta." Lula puxa o papelzinho do bolso da calça e lê novamente a pergunta: "É filho de sua mãe e de seu pai, mas não é seu irmão nem sua irmã. Quem é?" Na ponta da língua, a Dilma responde vitoriosa: "Simples, presidente: ora, bolas, é o Eduardo Suplicy!"
Lula dá seu sorrisinho sabido e diz: - Te peguei, companheira Dilma. Sua resposta está completamente errada... o bebê é o Tony Blair!
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Medo da eternidade

Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.
Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.
Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
- Como não acaba? - Parei um instante na rua, perplexa.
- Não acaba nunca, e pronto.
- Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta.
- Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.
- E agora que é que eu faço? - Perguntei para não errar no ritual que certamente deveira haver.
- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.
- Perder a eternidade? Nunca.
O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.
- Acabou-se o docinho. E agora?
- Agora mastigue para sempre.
Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito.
Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.
Até que não suportei mais, e, atrevessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
- Olha só o que me aconteceu! - Disse eu em fingidos espanto e tristeza. -Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!
- Já lhe disse - repetiu minha irmã - que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.
Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.
Clarice Lispector
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Ode à poesia

A poesia voa livre, pelo vento livre voa.
A rima me conduz como a leitura de Pessoa.
Dos Anjos que tem o verso nada angelical.
Chamou atenção como Baudelaire versando sobre o mal.
Baudelaire da poesia em prosa, dos paraísos artificiais.
Pasárgada, paraíso dos persas e de Manuel Bandeira.
O amor floresce nos versos de Cartola da Mangueira.
A poesia nasceu da rima. A rima tem funções demais.
Existe poesia sem rima! O poeta tem que ser sagaz, perspicaz.
Mas sem mensagem e sublime inspiração
A poesia não se constrói, não existe jamais.
Razão e emoção me confundem mas guiam minha mão.
De explicar a inspiração o artista nunca é capaz.
Compreenda o mal, faça o bem, busque a Paz!autor desconhecido
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Simplicidade, felicidade

Simplicidade... Simplicidade...
Ser como as rosas, o céu sem fim,
a árvore, o rio... Por que não há de
ser toda gente também assim?
Ser como as rosas: bocas vermelhas
que não disseram nunca a ninguém
que têm perfumes... Mas as abelhas
e os homens sabem o que elas têm!
Ser como o espaço, que é azul de longe,
de perto é nada... Mas quem o vê
— árvores, aves, olhos de monge... —
busca-o sem mesmo saber porque.
Ser como o rio cheio de graça,
que move o moinho, dá vida ao lar,
fecunda as terras... E, rindo, passa,
despretensioso, sempre a cantar.
Ou ser como a árvore: aos lavradores
dá lenha e fruto, dá sombra e paz;
dá ninho às aves; ao inseto flores...
Mas nada sabe do bem que faz.
Felicidade — sonho sombrio!
Feliz é o simples que sabe ser
como o ar, as rosas, a árvore, o rio:
simples, mas simples sem o saber!
Guilherme de Almeida
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Sonhos de menino

Acordado ou se dormia jamais saberei
Uma noite diferente, obra do destino
Não sei a razão mas meus olhos fechei
Estranha visão tive, era tão pequenino
No escuro nada via, perdido fiquei
Seria eu Homem ou apenas menino
Deveras assustado olhei em redor
Tentando entender um pouco melhor...
Uma luz branca surgiu e iluminou
Imensa, forte, cegava de tão brilhante
Dei voltas no ar, meu corpo rodopiou
Num raio de luz intenso e deslumbrante
Sem que avisasse nesse instante parou
Deixou-me noutro mundo, numa terra distante
À minha volta tudo luzia, encadeavaSem explicação a viajar eu estava...
autor desconhecido
sábado, 11 de outubro de 2008
Tipo assim... - Kledir Ramil
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Seiscentos e sessenta e seis

A vida é uns deveres
que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ª feira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
Eu nem olhava o relógio
Seguia sempre, sempre em frente...E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Mário Quintana
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Não chega tarde

I
Não! Nada chega tarde, porque
as coisas ciosas tem suas diferenças,
desde uma espiga até a flor...
E qualquer tempo é tempo para
que chegue o amor
tudo tem seu tempo justo, como
o trigo e a rosa...
II
Não! O amor não chega tarde em
teu coração e o meu,
o amor; a qualquer hora, não bate
em porta certa...
ele a toca desde o lado de dentro
porque ela está aberta
E porque sabe que não existe amor
tardío, só no apogeu...
III
E se existe um amor valente... tem
outro que é covarde, mas, de
todo modo, nenhum deles
chega tarde...
IV
Amor... Um Eros insano tendo nas
faces um sorriso louco,
e nada está a salvo se ele, às aflições,
magicamente suaviza
se aproximando lentamente, assim
como vem a brisa...
lança sua flecha certeira, só pra se
divertir um pouco...V
É assim que este menino-deus
travesso joga, sempre forte,
e sempre mais, enquanto a flecha
entra na ferida...
E até porque, tem nela mesma, o
veneno da ilusão perdida,
a mulher se queda atingida, ferida
profundamente de morteVI
A mulher arde em sua chama de
paixão... E mais e mais arde...
E mesmo assim não poderemos
dizer que o amor chega tarde...VII
Não...! Eu não direi nunca em qual
noite de verão, eu não direi
nunca sobre a noite que
só a ti, te digo...
noite que me incendiou o sangue,
que fiquei contigo,
que me estremeceu de febre tua mão
em minha mão...VIII
Não...! Eu não direi nada dessas
coisas e, todavia menos,
direi do que eu pude observar, em tua
fisionomia pesada...
Mostravas então um rosto
pétreo... Era como uma porta fechada,
levando à rodo minha alegria e amor...
Meus dias serenos...IX
Nada mais... É porque não era o tempo
do trigo e nem da flor... E,
nem sequer então, eu pude dizer que...
Chegou tarde o amor.
Maria Antonieta R. Mattos
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Acreditar é importante

"Acreditar é importante, tão importante que é fundamental para se conseguir algo. É paradoxal às vezes, pois quanto maior a dificuldade, também maior é a certeza ou a intuição. E quando conseguimos alcançar o objetivo saimos fortalecidos para o próximo desafio. Enfim, só acredita quem ama."
Cícero Alvernaz
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Objetivo
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
A flor e a fonte

A flor tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
cantava levando a flor.
“Deixa-me, deixa-me fonte!”
Dizia a flor a chorar:
“Eu fui nascida no monte...
Não me leves para o mar.”
E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
“Ai, balanços do meu galho,
Balanços do berço meu;
“Ai, claras gotas de orvalho
Caídas do azul do céu!...”
Chorava a flor, e gemia
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria,
Rolava levando a flor.
“Adeus, sombra das ramadas,
Cantigas do rouxinol,
“Ai, festas das madrugadas,
Doçuras do pôr-do-sol;
“Carícia das brisas leves
Que abrem rasgões de luar...
“Fonte, fonte, não me leves,
Não me leves para o mar!...”
As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor.
Vicente de Carvalho
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Os acrobatas

Subamos!
Oh, acima
Tensos
Tu e eu, herméticos
Como no espasmo.
E quando
Num último impulso
E morreremos
Vinícius de Moraes