sábado, 28 de agosto de 2010

A invisível ramagem de um poema


Na tarde calma, ondula
A INVISÍVEL RAMAGEM DE UM POEMA.
Uma secreta brisa,
Que apenas se adivinha,
Percorre o mundo íntimo das coisas
E acorda em sobressalto
As folhas do silêncio.
Falta ainda o poeta...
Mas a evidência
Da sua voz
É como a luz do sol quando amanhece:
De tão branca, parece
Que descora a ilusão da madrugada...
Antes ele não viesse,
E em cada solidão se mantivesse
Esta bruma de música sonhada.
Miguel Torga