
“Não há mais o que ver”, saiba que
não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o
que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se
vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a
chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a
sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para
repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a
viagem. Sempre.
José Saramago
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