INFÂNCIA
Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se "Agora".
CIGARRA
Diamante. Vidraça.
Arisca, áspera asa risca
o ar. E brilha. E passa.
CONSOLO
A noite chorou
a bolha em que, sobre a folha,
o sol despertou.
NOTURNO
Na cidade, a lua:
a jóia branca que bóia
na lama da rua.
Na cidade, a lua:
a jóia branca que bóia
na lama da rua.
TRISTEZA
Por que estás assim,
violeta? Que borboleta
morreu no jardim?
JANEIRO
Jasmineiro em flor.
Ciranda o luar na varanda.
Cheiro de calor.
FRIO
Neblina? ou vidraça
que o quente alento da gente,
que olha a rua, embaça?
NÓS DOIS
Por que estás assim,
violeta? Que borboleta
morreu no jardim?
JANEIRO
Jasmineiro em flor.
Ciranda o luar na varanda.
Cheiro de calor.
FRIO
Neblina? ou vidraça
que o quente alento da gente,
que olha a rua, embaça?
NÓS DOIS
Chão humilde. Então
risco-o a sombra de um vôo.
"Sou céu!" disse o chão.
risco-o a sombra de um vôo.
"Sou céu!" disse o chão.
A INSÔNIA
Furo a terro fria.
No fundo, em baixo do mundo,
trabalha-se: é dia.
MOCIDADE
Do beiral da casa
(ó telhas novas, vermelhas!)
vai-se embora uma asa.
OUTONO
Sistema nervoso,
que eu vi, da folha sorvida
pelo chão poroso.
Sistema nervoso,
que eu vi, da folha sorvida
pelo chão poroso.
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