sábado, 30 de julho de 2011

Adele - Rolling in the deep





Adele: "Amy Winehouse preparou o caminho
para artistas como eu."



sexta-feira, 29 de julho de 2011

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Soberania



Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que tentara pegar na bunda do vento — mas o rabo do vento escorregava muito e eu não consegui pegar. Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso carinhoso para mim e não disse nada. Meus irmãos deram gaitadas me gozando. O pai ficou preocupado e disse que eu tivera um vareio da imaginação. Mas que esses vareios acabariam com os estudos.
E me mandou estudar em livros. Eu vim. E logo li alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio. E dei de estudar pra frente. Aprendi a teoria das idéias e da razão pura. Especulei filósofos e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande saber. Achei que os eruditos nas suas altas abstrações se esqueciam das coisas simples da terra. Foi aí que encontrei Einstein (ele mesmo — o Alberto Einstein).
Que me ensinou esta frase:
A imaginação é mais importante do que o saber. Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu olho começou a ver de novo as pobres coisas do chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as próprias asas. E vi que o homem não tem soberania nem pra ser um bentevi.
Manoel de Barros

terça-feira, 26 de julho de 2011

Alegre Menina



O que fizeste, sultão, de minha alegre menina?

Palácio real lhe dei, um trono de pedraria

Sapato bordado a ouro, esmeraldas e rubis

Ametista para os dedos, vestidos de diamantes 

Escravas para serví-la, um lugar no meu dossel

E a chamei de rainha, a chamei de rainha

O que fizeste, sultão, de minha alegre menina?

Só desejava campina, colher as flores do mato

Só desejava um espelho de vidro para se mirar

Só desejava do sol calor para bem viver

Só desejava o luar de prata prá repousar

Só desejava o amor dos homens prá bem amar

No baile real levei a tua alegre menina

Vestida de realeza, com princesas conversou

Com doutores praticou, dançou a dança faceira

Bebeu o vinho mais caro, mordeu fruta estrangeira

Entrou nos braços do rei, rainha mas verdadeira.

Jorge Amado




quinta-feira, 21 de julho de 2011

A Alma e a Geringonça


A Alma e a Geringonça, aí é que está o problema…
Seremos acaso uns autômatos cuja complexidade de
reações nos faz acreditar num ilusório livre-arbítrio?
Essa coisa dos torpedos autodirigíveis dá para
desconfiar um bocado… Acontece que somos muito mais
complicados do que eles – eis tudo.
Mas este jogo de pensamentos em que nos
comprazemos é tão limitado como um jogo de palavras.
Senão, já teríamos descoberto e resolvido tudo, em
tantos e tantos séculos de funcionamento.
É verdade que temos tido jogadores hábeis como
Platão, para apenas citar um craque da Antiguidade. Mas
se nem Platão, muito menos eu e tu, leitor.
Mário Quintana



terça-feira, 19 de julho de 2011

Precisa-se de um amigo



Não precisa ser homem, basta ser humano, ter sentimentos.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem imprescindível, que seja de segunda mão.
Não é preciso que seja puro, ou todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Pode já ter sido enganado (todos os amigos são enganados).
Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar aquelas que não puderam nascer.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que todos levam consigo.
Tem que gostar de poesia, dos pássaros, do pôr do sol e do canto dos ventos.
E seu principal objetivo de ser o de ser amigo.
Precisa-se de um amigo que faça a vida valer a pena, não porque a vida é bela, mas por já se ter um amigo.
Precisa-se de um amigo que nos bata no ombro, sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo.
Precisa-se de um amigo para ter-se a consciência de que ainda se vive.
Dia 20 de julho é o Dia do Amigo, então compartilho com os amigos uma poesia que eu acho linda do Carlos Drummond de Andrade. Beijo grande...

sábado, 16 de julho de 2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Segundo Freud...



SEGUNDO FREUD :  As pessoas que ficavam com a mente doente  
eram aquelas que não colocavam seus sentimentos para fora.


terça-feira, 12 de julho de 2011

O Segundo Motivo da Rosa (a Mário de Andrade)

  
Por mais que te celebre, não me escutas,
embora em forma e nácar te assemelhes
à concha soante, à musical orelha
que grava o mar nas íntimas volutas.
Deponho-te em cristal, defronte a espelhos,
sem eco de cisternas ou de grutas…
Ausências e cegueiras absolutas
oferece às vespas e às abelhas.
E a quem te adora, ò surda e silenciosa,
e cega e bela e interminável rosa,
que em tempo e aroma e verso te transmutas!
Sem terra nem estrelas brilhas, presa
a meu sonho, insensível à beleza
que és e não sabes, porque não me escutas...
Cecília Meireles

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Se perguntares à música...

 


Se perguntares à música
que tem pra dizer,
imagens ou prodígios
a emoção mais real,
viverás bem no fundo
com o ser todo inteiro
o consolo, as respostas.
Viverás muitas vidas 
ricas como tesouros.

E então, dentro de ti 
com alimento e cor 
dirás um obrigado 
mesmo que seja à dor.

Adelina Caravana Rigaud

terça-feira, 5 de julho de 2011

Eu sou o poeta do Corpo


"Eu sou o poeta do Corpo e sou o poeta da alma, as delícias do céu estão em mim e os horrores do inferno estão em mim - o primeiro eu enxerto e amplio ao meu redor, o segundo eu traduzo em uma nova língua."

Walt Whitman in "CANTO A MIM MESMO"
Tradução de Eduardo Francisco Alves Geir Campos

sábado, 2 de julho de 2011