terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O melhor de tudo, Natal...


“O melhor de tudo, Natal quer dizer um espírito de amor,
um tempo quando o amor de Deus e o amor dos seres humanos
deveriam prevalecer acima de todo o ódio e amargura, um tempo
em que nossos pensamentos, ações, e o espírito de nossas
vidas manifestam a presença de Deus.”

Feliz Natal a todos!


Christmas Tree Emoticon Pictures, Images and Photos


sábado, 19 de dezembro de 2009

A arte de um povo...



"A arte de um povo é um
reflexo autêntico de sua mentalidade."
Nehru

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Às vezes...


"Às vezes escrever uma só linha basta
para salvar o próprio coração."

Clarice Lispector in Um Sopro de Vida

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Que bicho eu sou?

assorted animals Pictures, Images and Photos


"Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos.
Só por não poderem ser chatos como os outros?"


Mário Quintana

Chego atrasado à reunião. Entro, a passos constrangidos, na sala. Estão reunidos num grande círculo. Meu atraso é obviamente percebido. A contragosto, cumprimento todos, com um vago bom-dia, e me sento. Então falam de quê? Um sujeito, barba e cabelos grisalhos, compara-se a um macaco. Antes que eu possa ordenar as ideias, os olhos da reunião voltam-se ameaçadoramente pra mim, perguntando que bicho eu sou.

Não achei muito elegante a pergunta. Isso lá é coisa que se pergunte assim, à primeira vista, a um honrado desconhecido? Balbuciei defesas, e a moça, que se proclamou facilitadora, não facilitou muito as coisas:

— Todos nós temos um animal oculto. Com qual você se identifica?

Pego de surpresa, não quis me comprometer. Disparei cachorro, bicho neutro, sem conexões freudianas perigosas (acho), nem lá nem cá, nem rei da selva nem fresco que nem o tamanduá.

Escolhas feitas, a facilitadora, conhecedora dos mistérios da alma humana, completou:

— Agora vem a parte mais importante. Cada um de vocês vai estar representando, aqui na frente, o animal escolhido.

Ai... Arrependimento. Nunca lati, nem nas mais secretas fantasias sexuais. E latido é coisa séria porque, se sair fraco, desafinado, compromete a honra do cidadão honesto. Tem que ser um latidão, forte e decidido. Sinceramente, eu não estava com vontade de latir, quanto mais em público. Ai, meu Deus, por que não escolhi o bicho-preguiça, tão simpático, tão na dele, alheio ao mal-estar mundial?

Eu quis mudar, mas a dona não deixou. Disse que isso ia ao encontro das regras. Pensei em ponderar que então não haveria problema, mas desisti.

Fiz uma piada, dizendo que era um cão mudo, mas ninguém riu. A situação piorou visivelmente. Latir depois de uma piada fracassada é suprema humilhação. Pensei em simular um desmaio, mas, naquela altura, ficaria falso, acho.

Entre o latido e o desmaio, fiquei com o primeiro, e lati sem convicção. Qualquer vira-lata de bom coração, se me visse naquela ocasião, haveria de se solidarizar comigo, com meu latido vagabundo.

Voltei, com o rabo entre as pernas, pra cadeira, feito cão sem dono.

Minha vida de cão triste não demorou muito, pois a facilitadora atacou:

— Agora vocês vão estar me dizendo o que passou pela cabeça de vocês. Só assim descobrimos o verdadeiro eu.

Ela, tão engraçada, quis começar comigo, a facilitadora do inferno. Ah!, me esquece... Vai procurar javali, vai namorar elefante, que diabo! Essas coisas, eu só pensei. Disse, na verdade, outra. Falei que foi uma experiência única. Que coisa espantosa!, exclamei. Me conectei com camadas submersas do ser. Ao latir, senti aflorar meu lado selvagem, deixei vir à tona capas de agressividade reprimidas no disfarce do dia-a-dia. Porque a sociedade...

Ah, os olhos dela brilharam de satisfação:

— Sim, sim, é isso mesmo, é isso aí!

Ah, sou outro, reconheço. Obrigado, obrigado. Que Deus guarde, em bom lugar, as facilitadoras, facilitando-lhes o caminho. Para bem longe, quem sabe...

Felipe B. Netto

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Não sei dançar


Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria…
Abaixo Amiel!
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.
Sim, já perdi, pai, mãe, irmãos.
Perdi a saúde também.
É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz-band.
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.
Mistura muito excelente de chás…
Esta foi açafata…
- Não foi arrumadeira.
E está dançando com o ex-prefeito municipal.
Tão Brasil!
De fato este salão de sangues misturados parece o Brasil…
Há até a fração incipiente amarela
Na figura de um japonês.
O japonês também dança maxixe:
Acugelê banzai!
A filha do usineio de Campos
Olha com repugnância
Para a crioula imoral.
No entanto o que faz a indecência da outra
É dengue nos olhos maravilhosos da moça.
E aquele cair de ombros…
Mas ela não sabe…
Tão Brasil!
Ninguém se lembra de política…
Nem dos oito mil quilômetros de costa…
O algodão do Seridó é o melhor do mundo?…Que me importa?
Não há malária nem moléstia de Chagas nem ancilóstomos,
A sereia sibila e o ganzá do jazz-band batuca.
Eu tomo alegria!

Manuel Bandeira


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Não me peçam razões


Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.

José Saramago