quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O Marechal e o Cigano



O Marechal Floriano  
Antes de entrar pra Marinha 
Perdeu tudo quanto tinha 
Numa aposta com um cigano 
Foi vaqueiro vinte ano 
Fora os dez que foi sargento 
Nunca saiu do convento 
Nem pra lavar a corveta 
Pimenta só malagueta 
Diz o Novo Testamento!

Pedro Álvares Cabral  
Inventor do telefone 
Começou tocar trombone 
Na volta de Zé Leal 
Mas como tocava mal 
Arranjou dois instrumento 
Daí chegou um sargento 
Querendo enrabar os três 
Quem tem razão é o freguês 
Diz o Novo Testamento! 
(...)

Quando Dom Pedro Segundo  
Governava a Palestina 
E Dona Leopoldina 
Devia a Deus e o mundo 
O poeta Zé Raimundo 
Começou castrar jumento 
Teve um dia um pensamento: 
“Tudo aquilo era boato” 
Oito noves fora quatro 
Diz o Novo Testamento!

Zé Limeira - "O Poeta do Absurdo"

 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Einstein e o progresso




"A palavra progresso não terá qualquer sentido 
enquanto houver crianças infelizes."



sábado, 22 de fevereiro de 2014

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Adeus



I
Adeus, loucuras dos
jovens anos
dos beijos dados em
lua plena...
Tempo de muitas fe-
ridas, azucena,
adeus loucuras de cau-
sar-me danos...

II
Adeus, desculpas, desor-
deiros belos,
meu alarme mais terno,
ignorante fruta...
Ah...Uma estrela solitária
que se enluta,
esperança de uma vida
sem paralelos...

III
Adeus, rapazes que a vida
me corta,
sentimentos que atacam
minha aorta...
Tristissima, sou um mís-
sil lançado...

IV
Adeus, meus prazeres,
falsos delitos;
adeus sem uma queixa,
sem um grito,
adeus, meu sonho... nun-
ca abandonado.

 Maria Antonieta. R. Mattos 



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Exige muito de ti e espera pouco dos outros...





Exige muito de ti e espera pouco dos outros. Assim, evitarás muitos aborrecimentos.

Confúcio 





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sábado, 15 de fevereiro de 2014

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Essa lembrança que nos vem às vezes...

Essa lembrança que nos vem às vezes...
folha súbita
que tomba
abrindo na memória a flor silenciosa
de mil e uma pétalas concêntricas...
Essa lembrança...mas de onde? de quem?
Essa lembrança talvez nem seja nossa,

  
mas de alguém que, pensando  
em nós, só possa
mandar um eco do seu pensamento
nessa mensagem pelos céus perdida...
Ai! Tão perdida
que nem se possa saber mais de quem!
Mário Quintana





sábado, 8 de fevereiro de 2014

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Procura da poesia


Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

Carlos Drummond de Andrade 

 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O verdadeiro sábio...

O verdadeiro sábio é aquele que assim se dispõe que os acontecimentos exteriores o alterem minimamente. Para isso precisa couraçar-se cercando-se de realidades mais próximas de si do que os fatos, e através das quais os fatos, alterados para de acordo com elas, lhe chegam.
Fernando Pessoa