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Uma Recordação
Não há homem que consiga deixar uma marca
nela. Todo o passado se dilui num sonho
como uma rua na manhã e só fica ela.
Se não fosse a testa franzida por um momento
pareceria atônita. As maçãs do rosto têm sempre
um sorriso.
Também não se acumulam os dias
no seu rosto, nem alteram o sorriso leve
que irradia sobre todas as coisas. Com uma firmeza dura
faz cada coisa como se fosse a primeira;
no entanto vive-a até ao último momento. O seu corpo
firme abre-se, o olhar recolhido,
a uma voz doce e algo rouca: à voz
dum homem cansado. E nenhum cansaço a toca.
Quando se lhe olha para a boca, semicerra os olhos
à espera: ninguém se arriscaria.
Muitos homens conhecem o seu ambíguo sorriso
ou a súbita ruga. Se homem existiu
que a soube queixosa, humilhada de amor,
paga dia após dia, ignorando dela
por quem vive hoje.
Caminhando pela rua
sorri sozinha o sorriso mais ambíguo.
Cesare Pavese, in "Trabalhar Cansa'"
Tradução de Carlos Leite
Bela postagem!
ResponderExcluirRealmente não conhecia este autor.
Grande abraço.
Beautiful poetry!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirits beatiful!! ok..
ResponderExcluirHOLA...ME VISITASTES Y AGRADEZCO.....ENTRE A VISUALIZAR TU BLOG Y ME PARECE INTERESANTE...TE SEGUIRE Y ASI VEREMOS QUE TAL VAN LAS COSAS..UN SALUDO Y GRACIAS.
ResponderExcluirBIRD