terça-feira, 10 de maio de 2011

Lá vem a cidade



Eu vim plantar meu castelo
Naquela serra de lá,
Onde daqui a cem anos
Vai ser uma beira-mar...
Vi a cidade passando,
Rugindo, através de mim...
A cidade
Passou me lavrando todo...
A cidade
Chegou, me passou no rodo...
Passou como um caminhão
Passa através de um segundo
Quando desce a ladeira na banguela...
Veio com luzes e sons.
Com sonhos maus, sonhos bons.
Falava como um camões,
Gemia feito pantera.
Ela era...
Bela... fera.
Eu pairava no ar, e olhava a cidade
Passando veloz lá embaixo de mim.
Eram dez milhões de mentes,
Dez milhões de inconscientes,
Se misturam... viram entes...
Os quais conduzem as gentes
Como se fossem correntes
Dum rio que não tem fim.
Esse ruído
São os séculos pingando...
E as cidades crescendo e se cruzando
Como círculos na água da lagoa.
E eu vi nuvens de poeira
E vi uma tribo inteira
Fugindo em toda carreira
Pisando em roça e fogueira
Ganhando uma ribanceira...
E a cidade vinha vindo,
A cidade vinha andando,
A cidade intumescendo:
Crescendo... se aproximando.
Eu vim plantar meu castelo
Naquela serra de lá,
Onde daqui a cem anos
Vai ser uma beira-mar...
Lenine

Um comentário:

  1. Bom dia, Claudia!

    Ontem fui ao Centro levar mamãe ao médico, e engraçado! Seu post relata o comentário que fizemos sobre as mudanças que aconteceram nas últimas décadas...
    Passava por lá, o Bonde, os ônibus elétricos e alguns prédios históricos se foram...
    Há bem pouco tempo, ainda existia vestígio de tudo isso, com os trilhos pelas ruas no Centro do Rio, hoje totalmente revitalizada, modificada mesmo!
    Para alguns restá apenas lembranças, e para muitos que nem chegaram a conviver, apreciar uma beleza que existiu, não poderá contar uma parte da história...

    ótimo texto, Claudia!

    Um lindo dia pra ti, cheio de paz e amor no coração

    Marcio RJ

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