terça-feira, 6 de março de 2012

Busque Amor novas artes, novo engenho



Busque Amor novas artes, novo engenho, 
para matar-me, e novas esquivanças; 
que não pode tirar-me as esperanças,
 
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
 
Vede que perigosas seguranças!
 
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
 
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
 
um não sei quê, que nasce não sei onde,
 
vem não sei como, e dói não sei porquê.

Luís Vaz de Camões 



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