Só, incessante, um som de flauta chora,Viúva grácil, na escuridão tranquila,-Perdida voz que entre as mais se exila,-Festões de som dissimulando a hora.
Na orgia, ao longe, que em clarões cintilaE os lábios, branca, do carmim desflora...Só, incessante, um som de flauta chora,Viúva grácil na escuridão tranquila.
E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,Cauta, detém. Só modulada trilaA flauta flébil... Quem há de remi-la?Quem sabe a dor que sem razão deplora?
Só, incessante, um som de flauta chora...
Camilo Pessanha