terça-feira, 7 de outubro de 2008

Não chega tarde


I
Não! Nada chega tarde, porque
as coisas ciosas tem suas diferenças,
desde uma espiga até a flor...
E qualquer tempo é tempo para
que chegue o amor
tudo tem seu tempo justo, como
o trigo e a rosa...

II
Não! O amor não chega tarde em
teu coração e o meu,
o amor; a qualquer hora, não bate
em porta certa...
ele a toca desde o lado de dentro
porque ela está aberta
E porque sabe que não existe amor
tardío, só no apogeu...
III
E se existe um amor valente... tem
outro que é covarde, mas, de
todo modo, nenhum deles
chega tarde...

IV
Amor... Um Eros insano tendo nas
faces um sorriso louco,
e nada está a salvo se ele, às aflições,
magicamente suaviza
se aproximando lentamente, assim
como vem a brisa...
lança sua flecha certeira, só pra se
divertir um pouco...

V
É assim que este menino-deus
travesso joga, sempre forte,
e sempre mais, enquanto a flecha
entra na ferida...
E até porque, tem nela mesma, o
veneno da ilusão perdida,
a mulher se queda atingida, ferida
profundamente de morte

VI
A mulher arde em sua chama de
paixão... E mais e mais arde...
E mesmo assim não poderemos
dizer que o amor chega tarde...

VII
Não...! Eu não direi nunca em qual
noite de verão, eu não direi
nunca sobre a noite que
só a ti, te digo...
noite que me incendiou o sangue,
que fiquei contigo,
que me estremeceu de febre tua mão
em minha mão...

VIII
Não...! Eu não direi nada dessas
coisas e, todavia menos,
direi do que eu pude observar, em tua
fisionomia pesada...
Mostravas então um rosto
pétreo... Era como uma porta fechada,
levando à rodo minha alegria e amor...
Meus dias serenos...

IX
Nada mais... É porque não era o tempo
do trigo e nem da flor... E,
nem sequer então, eu pude dizer que...
Chegou tarde o amor.


Maria Antonieta R. Mattos