Corre pela rua, sem saber bem se é uma fuga ou se é sua salvação. Nos pés, um par de sandálias, nas mãos, uma maleta com algumas roupas, nos olhos límpidos e profundos, lágrimas e vontade de olhar para trás.
Mas não há mais volta, agora que o caminho é outro. O jeito é seguir em frente, lutando contra o medo do desconhecido que insiste em aparecer.
A cabeça, dando mil voltas, não consegue sequer estruturar os pensamentos em frases, eles correm mais que ela. Ela se sente só.
Com o mundo inteiro à sua volta, seu coração se sente só. Ela é uma fortaleza esperando uma batalha que quebre suas enormes paredes de pedra.
Mas parece que nunca vai c h e g a r . . .
Ela correcorrecorre... e cansa. Os pés doem, os olhos ardem, o corpo não consegue mais manter-se em pé.
Senta sobre a mala e olha para o horizonte: o sol se põe, mas não é um belo entardecer; é angustiante: só dá a ela a incômoda medida de que ela está viva e vazia. Desiste.
Quando o cansaço invade a alma, é hora de parar.